2.13.2013

A INFLUÊNCIA POSITIVA DO GERONTODESIGN DE CALÇADO FEMININO NA MULHER IDOSA COM PARKINSON – Proposta metodológica

III Congresso Internacional de Gerontologia e Geriatria . 7 Dezembro 2012


Sousa, Ana de – Escola Superior de Educação João de Deus - Portugal
Parraca, Jose A. – Faculdade de Ciências do Desporto - Universidade de Évora - Portugal
Adsuar, Jose Carmelo – Faculdade de Ciências do Desporto - Universidade da Extremadura - Espanha
Pozo, Borja Del - Faculdade de Ciências do Desporto - Universidade de Sevilha - Espanha



FINALIDADE

A nova especialidade de design de calçado para pessoas idosas denominada de gerontodesign de calçado, surgiu da necessidade de estudar, conceber e fabricar novos tipos de calçado funcional e estético, adaptado às diversas características biomecânicas e problemas do aparelho locomotor dos idosos, tendo como objetivo final proporcionar a melhoria da saúde locomotora e plantar, potencializando o envelhecimento ativo.

O ser humano, com o avançar da idade, adquire naturalmente uma nova antropometria plantar1-7. Além desta evidente alteração morfológica, outras deformações podem ser desenvolvidas devido ao uso de calçado inadequado, proliferando em doenças tais como Fascite Plantar, metatarsalgias, calosidades, Hálux Valgux e neuroma de Morton3, 8, 9. Além destas deformações plantares, outras doenças comuns no envelhecimento humano potencializam problemas de equilíbrio10-12 e deterioração dos sistemas neuromusculares13, tais como diabetes tipo II14, doença de Parkinson15, 16e artrite reumatoide17, 18, levando desta forma a um aumento do risco queda e respetivas lesões19-21, fraturas ósseas22 e em última instância à morte23, diminuindo drasticamente ou impossibilitando a atividade motora24, a autoestima25, 26 e o envelhecimento ativo.24-28

Investigações recentes demonstram que a doença de Parkinson (PD), afeta significativamente a qualidade de vida relacionada com a saúde (QVRS)28, uma vez que, com o avançar da doença, o domínio motor e cognitivo diminui drasticamente, conduzindo declínio das actividades físicas29, psicológicas30 e sociais31.

O ato de caminhar, é reportado pelos pacientes portadores de PD como sendo a actividade mais difícil de executar18, 32, associada ao medo de cair29,33. Esta condição física da redução funcional da estabilidade, traduz-se em tremor em repouso, rigidez no movimento passivo, lentidão de movimento (bradicinesia), pobreza dos movimentos (hipocinesia), instabilidade postural e hipotensão ortostática34, 35.

Com a diminuição de 7.3% do índice da Densidade mineral óssea (DMO) nas mulheres idosas com PD, o risco de fratura na anca após uma queda aumenta 2.6 vezes 36, as dificuldades de locomoção derivadas da doença, incrementam-se devido à vulnerabilidade estética do calçado instigados pela moda37, 38, que na sua maioria não respeitam a forma natural do pé.  


OBJETIVO

O Objetivo deste trabalho será:

i.   Descrever a frequência, os factores e o padrão de ocorrência de lesões, deformações morfológicas plantares, desconforto, desequilíbrio e dor no ato de locomoção com calçado;

ii.   Relacionar a ocorrência de PD e “mau” calçado com a dificuldade de locomoção;

iii.   Identificar que fenótipos de dor no pé podem ser solucionados por intermédio de criação de protocolos de fabricação de gerontodesign de calçado feminino;

iv.    Aplicar o calçado desenhado ao grupo de estudo e verificação dos efeitos na QVRS;

v.   Sensibilizar os técnicos e o público geral para a importância da fabricação e uso de gerontodesign de calçado feminino.

 
METODOLOGIA

O estudo será proposto a uma amostra de mulheres portuguesas (n=100), com mais de 65 anos de idade, diagnosticadas com PD que apresentem dificuldades de locomoção, devido à condição da doença e ao uso recorrente de calçado inadequado aos seus pés.

Fase 1: Aplicação de escalas de avaliação de QVRS e condição física: Short-Form 36 2 versão (SF-36 2v), EuroQol 5D (EQ-5D)28, 39, Time Up and Go, 10m andar em linha recta, chair stand, 6min marcha, FES-I, Índice de downton, escala de tineti e test de flamingo cego;

Fase 2: Avaliação clínica do estudo do pé (CASF)40, fotografia digital de ambos os pés e tornozelos, radiografias a ambos os pés e medidas antropométricas;

Fase 3: Elaboração de protocolos de calçado;

Fase 4: Construção do gerontodesign de calçado;

Fase 5: Durante 6 meses, aplicação do calçado desenhado a (n=50) da amostra e aplicação de calçado comum aos restantes (n=50) da amostra.

 
Permissas do Gerontodesign de Calçado:

·      Leveza; flexibilidade; estabilidade; salto estável; a proteção e conforto do pé; boa abertura que facilite o calçar e descalçar; formas gordas/médias e cheias; escolha de materiais macios, respiráveis e antialérgicos; inexistência de peças que criem zonas de fricção; forro em toda a área interna do sapato; costuras revestidas pelo forro; estética em resposta aos estilos e gostos comercializados pela moda.

·      Materiais para a gáspea: anilhas; croutes ou nubuck; tecidos.

·      Materiais para sistema de aperto: elásticos; velcros; fechos de correr; cordões elásticos.

·      Forros com acabamento natural: Forro antialérgico.

·      Forros com acabamento vegetal: forro ecológico; forro diabético.

·      Palmilhas com acabamento natural: antisstress; anatómicas; personalizadas.

·      Solados: P.U.; couro; TR; Borracha natural; micro.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Será importante que se comprove a credibilidade e eficácia do estudo, elaboração e construção de gerontodesign de calçado feminino, para que as portuguesas idosas com PD melhorem as suas capacidades de autonomia de mobilidade, locomoção e autoestima, repercutindo na melhoria da sua QVRS.


REFERÊNCIAS
1.    Cote KP, Brunet ME, Gansneder BM, Shultz SJ. Effects of Pronated and Supinated Foot Postures on Static and Dynamic Postural Stability. Journal of athletic training. 2005; 40:41-6.

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